Início » Saúde e Bem-estar » Dia mundial de prevenção ao suicídio: A importância de falar sobre o tema
Saúde e Bem-estar

Dia mundial de prevenção ao suicídio: A importância de falar sobre o tema

Dia mundial de prevenção ao suicídio: A importância de falar sobre o tema
Silenciar o tema pode agravar a sensação de isolamento e desesperança de quem está passando por uma crise emocional. 

O suicídio é um problema de saúde pública que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Em 10 de setembro, no Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, nos unimos globalmente para aumentar a conscientização sobre a importância de discutir abertamente essa questão delicada, com o objetivo de prevenir mortes e salvar vidas. Embora o suicídio seja um tema cercado por tabus, falar sobre ele é fundamental para reduzir o estigma, promover o apoio emocional e incentivar a busca por ajuda.

Por que é importante conversar sobre suicídio?

O suicídio é uma das principais causas de morte no mundo, sendo responsável por mais de 700 mil vidas perdidas a cada ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Muitas dessas mortes poderiam ser evitadas com maior conscientização e acesso a tratamento adequado. Quando falamos sobre suicídio, criamos um ambiente no qual as pessoas se sentem mais à vontade para expressar seus sentimentos, angústias e sofrimentos.

Ao discutir o suicídio de forma aberta e compassiva, incentivamos a busca por ajuda, mostrando que há saídas e que o sofrimento pode ser aliviado com o suporte certo.

O suicídio em diferentes faixas etárias

O suicídio afeta pessoas de todas as idades, e entender os grupos mais vulneráveis é vital para oferecer apoio adequado. Segundo dados da Fiocruz, entre 2011 e 2022, a taxa de suicídio entre jovens no Brasil cresceu em média 6% ao ano. No mesmo período, as notificações de autolesões na faixa etária de 10 a 24 anos aumentaram 29% ao ano. Esses índices superam os da população geral, que apresentou um crescimento médio de 3,7% ao ano nas taxas de suicídio e 21% nas notificações de autolesão.

Esses dados foram revelados por uma análise de quase 1 milhão de registros, publicada em um estudo recente na The Lancet Regional Health – Americas, realizado pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) em parceria com pesquisadores de Harvard.

Por essa triste razão, é imprescindível que toda a comunidade esteja atenta aos sinais e colaborem para que os sintomas de depressão e ansiedade não se agravem.   

Suicídio entre jovens e adolescentes

Nos últimos anos, houve um aumento alarmante no número de suicídios entre jovens e adolescentes. Essa faixa etária é particularmente vulnerável devido às intensas pressões sociais, acadêmicas e emocionais que enfrentam. Bullying, isolamento social, depressão e ansiedade são algumas das causas que podem levar jovens a desenvolver pensamentos suicidas. Outro ponto de atenção é quanto ao uso inadequado das redes sociais e a exposição a conteúdo sensível que podem agravar a vulnerabilidade emocional.

É essencial que pais, educadores e amigos estejam atentos a sinais de alerta, como mudanças bruscas de comportamento, isolamento, perda de interesse por atividades e falas sobre morte ou desesperança. Promover o diálogo aberto em casa e na escola pode ajudar a reduzir os riscos.

Suicídio entre crianças

Embora menos comum, o suicídio em crianças também é uma realidade preocupante. Questões como bullying, problemas familiares e abusos podem impactar profundamente a saúde mental de uma criança. Infelizmente, muitos adultos subestimam a gravidade do sofrimento infantil, o que pode impedir que a criança receba o apoio necessário. O acompanhamento psicológico desde os primeiros sinais de angústia emocional pode ser fundamental para prevenir tragédias.

Suicídio entre idosos

Os idosos também são vulneráveis ao suicídio, muitas vezes em decorrência do isolamento social, perda de entes queridos, doenças crônicas e falta de apoio emocional. Depressão em idosos é subdiagnosticada, pois muitos sintomas são frequentemente confundidos com o processo natural de envelhecimento. É importante prestar atenção ao bem-estar emocional dos idosos e garantir que eles se sintam valorizados, incluídos e apoiados em sua rede familiar e social.

Causas do suicídio

O suicídio raramente tem uma única causa. Geralmente, é resultado de uma combinação de fatores psicológicos, sociais, biológicos e ambientais. Alguns dos principais fatores de risco incluem:

  • Depressão e outros transtornos mentais: A depressão é uma das principais causas de suicídio. Transtornos de ansiedade, transtorno bipolar e esquizofrenia também aumentam o risco.
  • Abuso de substâncias: O uso de álcool e drogas pode intensificar sentimentos de desesperança e impulsividade.
  • Histórico de abuso ou trauma: Experiências traumáticas, como abuso físico, emocional ou sexual, estão fortemente associadas ao risco de suicídio.
  • Perdas significativas: A perda de um ente querido, separações ou perda de emprego podem desencadear crises emocionais intensas.
  • Isolamento social: A falta de suporte social ou a sensação de solidão aumentam significativamente o risco de suicídio.
  • Problemas de saúde física: Doenças crônicas, incapacitantes ou dolorosas podem contribuir para a ideia de que a vida não tem mais qualidade, aumentando o risco de suicídio.

O impacto do suicídio na família e na comunidade

O suicídio não afeta apenas a pessoa que tira a própria vida. Ele causa um profundo impacto emocional, social e psicológico na família, amigos e comunidade. O luto por suicídio é extremamente complexo, frequentemente envolvendo sentimentos de culpa, vergonha, raiva e questionamentos sobre o que poderia ter sido feito para evitar a tragédia.

Aqueles que perderam um ente querido por suicídio, conhecidos como “sobreviventes de suicídio,” enfrentam um processo de luto diferente, muitas vezes mais longo e doloroso. A comunidade também sente o impacto, com colegas de trabalho, vizinhos e amigos lidando com a perda e as consequências emocionais do ocorrido.

Por isso, é fundamental que a prevenção ao suicídio inclua não apenas a pessoa em sofrimento, mas também a criação de uma rede de suporte para os sobreviventes, que também necessitam de atenção psicológica para lidar com o trauma.

O papel do CVV na prevenção ao suicídio

O Centro de Valorização da Vida (CVV) desempenha um papel essencial na prevenção ao suicídio no Brasil. Desde 1962, o CVV oferece apoio emocional gratuito e sigiloso para pessoas que precisam desabafar ou conversar sobre suas dificuldades emocionais. Através do número 188 e do site www.cvv.org.br, qualquer pessoa pode acessar ajuda, 24 horas por dia, em todo o Brasil.

O CVV treina voluntários para oferecer suporte especializado, ouvindo de maneira atenta e empática aqueles que estão em sofrimento. Essa escuta acolhedora pode ser o primeiro passo para a recuperação, mostrando ao indivíduo que ele não está sozinho e que há esperança.

Como prevenir o suicídio?

A prevenção ao suicídio começa com a conscientização. Falar sobre o tema de forma aberta, sem julgamentos, é essencial para desmistificar o suicídio e encorajar as pessoas a buscar ajuda. Outras formas de prevenção incluem:

  • Identificar sinais de alerta: Esteja atento a mudanças de comportamento, falas sobre morte e isolamento social.
  • Promover a busca por ajuda: Incentive a procura de apoio profissional, seja com psicólogos, psiquiatras ou serviços de apoio como o CVV.
  • Apoiar o indivíduo: Esteja presente e ofereça suporte sem julgamentos. Muitas vezes, uma simples conversa pode salvar vidas.
  • Eliminar o estigma: Lutar contra o preconceito relacionado à saúde mental e ao suicídio é fundamental para garantir que as pessoas se sintam seguras ao pedir ajuda.

O suicídio é um tema sensível, mas é uma questão de saúde pública que exige atenção e ação. Ao falar abertamente sobre o assunto e promover campanhas de conscientização como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, damos passos importantes em direção à prevenção e ao apoio para quem está em sofrimento. Não se cale — converse, ouça e mostre que há esperança.

Se você ou alguém que você conhece está em crise, procure ajuda imediatamente. O CVV está disponível pelo telefone 188 ou através do site www.cvv.org.br para oferecer apoio especializado.

A CDB Medicina Diagnóstica apoia essa iniciativa.