Antigamente conhecida como lepra, a hanseníase é uma doença crônica que é causada através de uma infecção da bactéria Mycobacterium leprae que pode afetar qualquer pessoa.
Essa doença é considerada uma das mais antigas que a humanidade já registrou, tendo relatos históricos dessa enfermidade desde o século 6 a.C. Alguns estudiosos teorizam que a hanseníase teve sua origem no Oriente e, de lá, migrou para outras regiões do mundo com o auxílio de tribos nômades ou navegadores.
É importante enfatizar que a doença tem tratamento e boas chances de recuperação se os sintomas forem diagnosticados na fase inicial.
Quais os principais sintomas da hanseníase?
As principais características da hanseníase são: a alteração, diminuição ou perda da sensibilidade à temperatura, à dor, ao tato e também a perda da força muscular especialmente nas mãos, braços, pés, pernas e olhos podendo também gerar a incapacitação por tempo indeterminado.
Os membros inferiores, superiores e também face vão pouco a pouco sendo comprometidos, devido a isso as mudanças acabam passando despercebidas e somente são notadas quando já se encontram num estado mais avançado:
● Manchas espalhadas pelo corpo com perda parcial ou completa da sensibilidade à temperatura, dor e/ou tato;
● Sensação de formigamento, agulhadas, câimbras ou mesmo dormência nos membros inferiores ou superiores;
● Redução da força muscular, problemas para pegar e segurar objetos, manter calçados abertos nos pés;
● Nervos mais grosseiros e doloridos, feridas que levam mais tempo para curar (principalmente nas mãos e pés);
● Regiões da pele muito ressecadas que não transpiram e que constantemente caem pelos tal como na região das sobrancelhas e caroços ao longo do corpo;
● Irritação e coceiras constantes nos olhos;
● Obstrução, hemorragia ou ferida no nariz.
A hanseníase é contagiosa?
Segundo o Instituto Oswaldo Cruz a doença não pode ser transmitida pelo toque, abraços e nem mesmo beijos. Muito embora os sintomas ocorram na pele e no sistema nervoso periférico, a sua transmissão ocorre no contato próximo prolongado (convivência por uma certa quantidade de tempo em local fechado como casa, escritório ou sala de aula), pela via respiratória, através das gotículas de saliva ou por secreções nasais.
Outra característica importante é que a transmissão ocorre somente através de pessoas que possuam a forma multibacilar da doença (ou seja, que passaram por anos de incubação) que não se encontram em tratamento, por possuírem uma enorme quantidade de bactérias no organismo.
A partir do momento que a pessoa com hanseníase inicia seu tratamento o risco de transmissão para outras pessoas se torna nulo. Exatamente por isso é estritamente necessário que se procure ajuda assim que forem notados quaisquer sintomas da doença.
Tratamento para hanseníase
Apesar de ser uma doença terrível que assola a humanidade há tanto tempo, a hanseníase pode ser tratada e até mesmo curada. Seu tratamento pode ser procurado em unidades de saúde gratuitamente e sua cura será mais fácil e rápida dependendo do quão cedo é encontrada a doença.
O tratamento é feito por via oral utilizando de dois a três medicamentos diferentes: a rifampicina, dapsona e clofazimina e, quando associados, chamamos de tratamento Poliquimioterapia Única (PQT-U). Utilizando esse método para tratar a lepra, o paciente pode ser curado em um período de 6 a 12 meses seguindo as indicações corretamente.
Impacto social e desafios na erradicação da hanseníase
Além dos aspectos clínicos, a hanseníase também apresenta um certo impacto social relevante que colabora para a dificuldade do seu controle e extinção.
O des crédito muitas vezes associado à doença persiste em diversos lugares, gerando um isolamento e discriminação das pessoas afetadas. Essa repreensão acaba impedindo as pessoas de buscarem tratamento logo no estágio inicial da doença, o que acaba prolongando a proliferação da doença.
A reabilitação social dos pacientes é uma parte essencial do processo de tratamento, visando não apenas a cura física, mas também a reintrodução na sociedade.
A eliminação global da hanseníase como um problema de saúde pública é um desafio que exige constantes esforços.
Apesar dos avanços nos métodos de diagnóstico e tratamento, algumas áreas enfrentam obstáculos como a falta de infraestrutura de saúde adequada, dificuldades no acesso aos serviços médicos e a persistência de mitos culturais em torno da doença.
A cooperação internacional e os esforços coordenados são essenciais para superar esses desafios e alcançar a meta de erradicar a hanseníase como uma ameaça global à saúde. Portanto, entender não apenas os aspectos clínicos, mas também os desafios sociais e sistêmicos associados à hanseníase é crucial para desenvolver estratégias eficazes na luta contra essa doença historicamente estigmatizada.
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