Você já sentiu uma dor abdominal intensa que não passava e acabou atribuindo ao estresse ou má digestão? Em muitos casos, sinais graves como esses são ignorados, quando, na verdade, podem indicar um quadro grave de peritonite — uma inflamação do revestimento interno do abdômen que exige atenção médica urgente. A falta de conhecimento sobre a condição pode atrasar o diagnóstico e comprometer seriamente a saúde do paciente.
Estima-se que, no mundo, cerca de 20% dos casos de peritonite evoluem para complicações sérias, principalmente quando o diagnóstico é tardio. No Brasil, o número de internações por infecções abdominais, incluindo a peritonite, ultrapassa os 150 mil casos por ano, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Embora possa afetar qualquer pessoa, a condição é mais comum em adultos entre 30 e 60 anos, especialmente em pacientes que já possuem histórico de doenças gastrointestinais ou que passaram por cirurgias abdominais.
As consequências vão além da dor e da hospitalização. A peritonite pode levar à necessidade de tratamentos prolongados, cirurgias de emergência e alterações profundas no estilo de vida. Para a família, a doença também representa um desafio: reorganização da rotina, cuidados diários e apoio emocional constante são fundamentais para a recuperação do paciente.
Por que e como se manifesta?
A peritonite acontece quando a membrana que reveste internamente o abdômen, chamada de peritônio, sofre uma inflamação, geralmente causada por uma infecção bacteriana. Essa infecção pode surgir por diferentes motivos, como o rompimento de um órgão (apendicite, úlcera perfurada, diverticulite), procedimentos médicos (como diálise peritoneal) ou traumatismos abdominais.
Os principais sintomas incluem dor abdominal intensa e contínua, febre, náuseas, vômitos, distensão abdominal e, em casos graves, confusão mental. A dor pode começar de forma localizada e se espalhar rapidamente. Como a evolução pode ser rápida e perigosa, é fundamental buscar atendimento médico ao perceber sinais persistentes.
Quais exames devem ser feitos?
O diagnóstico da peritonite depende de uma combinação de exames clínicos e laboratoriais. Abaixo, destacamos os principais:
- Exame físico abdominal: O médico pressiona a região abdominal para identificar dor, rigidez e sinais de inflamação. É o primeiro passo para levantar a suspeita de peritonite.
- Hemograma completo: Avalia os níveis de leucócitos (glóbulos brancos) para identificar a presença de infecção no organismo. Níveis elevados podem indicar inflamação.
- Exames de imagem (Ultrassonografia e Tomografia Computadorizada): A ultrassonografia abdominal ajuda a visualizar acúmulo de líquidos e alterações nos órgãos. Já a tomografia computadorizada oferece imagens mais detalhadas, fundamentais para localizar a causa da infecção.
- Paracentese: Procedimento no qual uma amostra do líquido peritoneal é retirada com uma agulha para análise. Detecta a presença de bactérias e ajuda a confirmar o diagnóstico.
- Cultura de sangue: Pode identificar o tipo de bactéria causadora da infecção, auxiliando na escolha do antibiótico adequado.
A peritonite é uma condição grave, mas com diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível recuperar a saúde e retomar a qualidade de vida. O segredo está em não ignorar os sinais que o corpo dá. Dores abdominais intensas e persistentes merecem investigação médica, e a informação correta pode salvar vidas.
Além disso, o suporte da família e o acompanhamento clínico são partes essenciais do tratamento. Viver com essa condição exige cuidados, mas também abre espaço para mudanças positivas, como uma alimentação mais consciente e hábitos de prevenção.
Falar sobre peritonite é ampliar o acesso ao diagnóstico e incentivar uma postura mais ativa diante da saúde. E lembrar que cuidar de si também é um gesto de amor por quem está ao nosso redor.
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