MPOX, também conhecida como Monkeypox ou varíola dos macacos, é uma doença viral zoonótica que tem chamado atenção globalmente nos últimos anos devido ao seu potencial de disseminação e aos surtos ocorridos em várias partes do mundo. Originalmente identificada em macacos na década de 1950, essa doença afeta tanto animais quanto humanos e é causada por um vírus pertencente ao gênero Orthopoxvirus, o mesmo grupo que inclui o vírus da varíola humana. A infecção por MPOX apresenta sintomas semelhantes aos da varíola, como febre, dor de cabeça intensa, mialgia, e uma erupção cutânea característica que evolui de manchas planas para pústulas e crostas.
A transmissão da MPOX ocorre principalmente por meio de contato direto com fluidos corporais, lesões na pele ou mucosas de pessoas infectadas, bem como através de secreções respiratórias durante contato próximo e prolongado. Embora o risco de disseminação em larga escala seja menor do que o da varíola humana, a MPOX continua a ser uma preocupação de saúde pública, especialmente em regiões onde o vírus é endêmico e há maior probabilidade de contato com animais infectados.
Em termos de tratamento, a gestão da MPOX é majoritariamente de suporte, com foco no alívio dos sintomas e na prevenção de complicações. Antivirais específicos, como o tecovirimat, têm mostrado eficácia em alguns casos, mas seu uso ainda é limitado a contextos específicos e a determinados grupos de pacientes. A vacinação contra a varíola também pode oferecer proteção cruzada, reduzindo a gravidade da doença em pessoas vacinadas. Este artigo explorará em detalhes o que é a MPOX, como é diagnosticada e quais são os principais tratamentos disponíveis, fornecendo um panorama completo para que profissionais de saúde e a população em geral possam entender melhor a doença e suas implicações.
MPOX no Brasil
Conforme as informações mais recentes do Ministério da Saúde do Brasil, publicadas em 23 de agosto de 2024, não há registro de casos da nova variante da doença (Cepa 1b) no Brasil até o momento. O surto da doença Mpox tem apresentado baixo nível de transmissão fora do continente africano em 2024. Foram notificados 709 casos confirmados ou prováveis no Brasil este ano, sendo que 85% dos casos são de homens, e 42,2% das pessoas afetadas vivem com HIV/AIDS. Desde 2022, houve um total de 16 óbitos registrados no Brasil, com o mais recente em abril de 2023.
Atualmente, o Ministério da Saúde está reforçando a vigilância para a doença e tomou medidas como a instalação de um Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) para monitorar a evolução da situação da Mpox no Brasil, seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras instituições.
Exames para diagnóstico da MPOX
Diagnosticar a MPOX requer uma abordagem cuidadosa que inclua a história clínica do paciente, a identificação dos sintomas e a confirmação laboratorial através de testes específicos como a reação em cadeia da polimerase (PCR).
Dada a sua semelhança com outras doenças exantemáticas, como a varicela e o sarampo, o diagnóstico diferencial é efetivo para evitar confusões clínicas.
Exames clínicos e históricos
O diagnóstico inicial de MPOX começa com uma avaliação clínica detalhada e a coleta de um histórico médico completo do paciente. Os profissionais de saúde procuram sinais e sintomas característicos da doença, como febre, linfadenopatia (inchaço dos gânglios linfáticos) e uma erupção cutânea específica que evolui de máculas para pústulas e crostas.
Além disso, é essencial investigar o histórico de viagens do paciente a áreas endêmicas ou contato com animais potencialmente infectados, como roedores e primatas, bem como com indivíduos que apresentem sintomas semelhantes. Embora esses sinais clínicos sejam sugestivos, a semelhança da MPOX com outras doenças virais, como varicela e sarampo, torna os exames laboratoriais fundamentais para confirmação.
Testes laboratoriais de confirmação
Para confirmar o diagnóstico de MPOX, testes laboratoriais específicos são realizados, sendo o teste de reação em cadeia da polimerase (PCR) o mais comum e confiável. O PCR é utilizado para detectar o DNA do vírus da MPOX em amostras de lesões cutâneas, incluindo fluídos de vesículas, pústulas ou crostas. A escolha do PCR se deve à sua alta sensibilidade e especificidade, que permitem a detecção precoce da infecção mesmo com uma quantidade mínima de material genético viral presente. Amostras adicionais, como sangue e esfregaços de garganta, também podem ser analisadas em casos específicos para fornecer informações adicionais sobre a infecção e a resposta imunológica do paciente.
Exames sorológicos e cultura viral
Além do PCR, exames sorológicos podem ser realizados para identificar anticorpos contra o vírus da MPOX no sangue do paciente, o que ajuda a entender se houve uma exposição recente ou passada ao vírus. No entanto, a sorologia tem limitações em sua capacidade de distinguir entre infecções recentes e passadas devido à reação cruzada com anticorpos de outros ortopoxvírus, como o da varíola.
A cultura viral, que envolve o cultivo do vírus em laboratório a partir de amostras de pacientes, é outro método para confirmar a presença do vírus da MPOX. Contudo, esse método é menos frequentemente utilizado devido à sua complexidade, necessidade de laboratórios especializados e maior tempo para obtenção de resultados.
O uso de múltiplos métodos de diagnóstico, portanto, assegura um diagnóstico mais robusto e preciso, permitindo intervenções médicas adequadas e tempestivas.
Tratamentos para MPOX
Os tratamentos disponíveis para a MPOX hoje são principalmente focados no manejo dos sintomas e na prevenção de complicações. Como não existe um tratamento específico que elimine o vírus da MPOX, as intervenções terapêuticas são voltadas para o alívio dos sintomas, suporte ao sistema imunológico e prevenção de infecções secundárias. Abaixo, detalhamos os principais tratamentos utilizados:
1. Cuidados de suporte e alívio dos sintomas
- Analgesia e Antipiréticos: Medicamentos como paracetamol ou ibuprofeno são frequentemente usados para reduzir febre, dor muscular, e dores de cabeça associadas à MPOX. Esses fármacos ajudam a aliviar o desconforto e melhorar a qualidade de vida do paciente.
- Hidratação Adequada: É essencial manter uma boa hidratação, especialmente em casos onde o paciente apresenta febre alta ou diarreia. A reposição de fluidos pode ser feita por via oral ou intravenosa, dependendo da gravidade do quadro clínico.
2. Tratamento de lesões cutâneas
- Cuidados com a Pele: As lesões cutâneas causadas pela MPOX devem ser mantidas limpas e secas para evitar infecções secundárias. Soluções antissépticas podem ser usadas para limpar as feridas, e bandagens esterilizadas ajudam a proteger as áreas afetadas.
- Pomadas e Cremes: Pomadas antibióticas podem ser aplicadas em lesões infectadas para prevenir ou tratar infecções bacterianas secundárias. Hidratantes suaves também podem ser utilizados para aliviar a secura e coceira da pele.
3. Terapia antiviral
- Tecovirimat: Este é um antiviral aprovado para o tratamento de varíola, que também tem sido utilizado em casos de MPOX. O tecovirimat age inibindo a liberação do vírus de células infectadas, o que ajuda a limitar a propagação da infecção dentro do corpo. É indicado principalmente para casos graves ou em pacientes imunocomprometidos.
- Cidofovir e Brincidofovir: Esses antivirais também são usados em casos graves ou complicados de MPOX, especialmente em pacientes imunocomprometidos. Eles atuam inibindo a replicação do DNA viral. No entanto, o uso desses medicamentos é geralmente limitado devido aos potenciais efeitos colaterais, como nefrotoxicidade.
4. Cuidados hospitalares e suporte avançado
- Isolamento do Paciente: Em casos de hospitalização, é crucial manter o paciente isolado para prevenir a transmissão do vírus a outros. Os profissionais de saúde devem seguir rigorosos protocolos de controle de infecção.
- Suporte Respiratório: Em casos graves, onde há comprometimento respiratório, pode ser necessário suporte ventilatório, incluindo oxigenoterapia ou ventilação mecânica.
- Tratamento de Infecções Secundárias: Pacientes com MPOX podem ser vulneráveis a infecções bacterianas secundárias, especialmente se as lesões cutâneas se tornarem infectadas. Nesses casos, antibióticos específicos são administrados conforme necessário.
5. Vacinação pós-exposição
- Vacinação com Imvanex (ou Jynneos nos EUA): Esta vacina é indicada para a prevenção da varíola e pode ser usada em casos de exposição ao vírus MPOX como uma medida de pós-exposição. A vacinação pode ajudar a reduzir a gravidade dos sintomas e prevenir o desenvolvimento da doença em indivíduos recentemente expostos.
6. Aconselhamento e suporte psicológico
- Apoio Psicológico: Dado o impacto psicológico e emocional da doença, incluindo o estigma associado às lesões cutâneas, o apoio psicológico e aconselhamento são componentes importantes do manejo da MPOX, ajudando os pacientes a lidar com o estresse, ansiedade e possíveis sentimentos de isolamento social.
7. Monitoramento contínuo e prevenção de complicações
- Monitoramento Regular: Pacientes diagnosticados com MPOX devem ser monitorados regularmente para detectar qualquer complicação precoce, como infecções secundárias ou desenvolvimento de sintomas mais graves, o que pode exigir intervenções médicas adicionais.
Esses tratamentos são ajustados de acordo com a gravidade da infecção e as condições de saúde condizentes de cada paciente. Como a situação de saúde pública em relação à MPOX está em constante evolução, é determinante que os pacientes e profissionais de saúde sigam as orientações mais recentes das autoridades de saúde.
Conheça a CDB Medicina Diagnóstica
Na CDB Medicina Diagnóstica, disponibilizamos uma ampla gama de procedimentos médicos, abrangendo exames de imagem, análises clínicas e vacinação. Nosso compromisso reside em oferecer serviços de saúde de excelência, pautados pelo cuidado personalizado para cada paciente. Agende sua consulta ainda hoje e invista no seu bem-estar com a CDB Medicina Diagnóstica.
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